Um pouco da minha história, para além de um currículo…
Se você chegou até aqui, deve ter feito essa pergunta em algum momento, então deixa eu me apresentar… Vamos voltar alguns anos, prometo que vai fazer sentido depois…
Eu sei que parece clichê, mas eu já fui a pessoa que pensava que não iria conseguir as coisas, que se sentia perdida e frágil. Quando era adolescente, me formei na escola e passei em Jornalismo na PUCRS. Eu amava escrever desde pequena e esse parecia ser o único caminho possível, o caminho do meu desejo. Entretanto, eu estava em um momento delicado emocionalmente. Desisti da faculdade de jornalismo, pois pensava que não haveria um mercado bom na área… e eu me preocupava desde cedo com as questões financeiras, afinal, os meus pais estavam se esforçando para me dar uma boa educação. Naquele momento não consegui sustentar o meu desejo… E a vida me cobrou mais para frente, uma conta que não se pagava com dinheiro.
Logo pensei em fazer algo “mais sério” e que me desse dinheiro e estabilidade. Decidi fazer Direito e com 18 anos passei numa das melhores instituições do Rio Grande do Sul: a Faculdade do Ministério Público. Na época, idealizava passar em um concurso para ser Promotora de Justiça, mas não sabia eu que estava promovendo minha própria infelicidade… Pois estava pensando apenas no retorno financeiro.
Na mesma época passei no concurso da Caixa Econômica Federal. Comecei a trabalhar no banco e não me identifiquei desde a primeira semana. Veja só, eu estudava numa faculdade renomada, com os melhores professores, era concursada federal, mas não era feliz. Por um momento acreditei que essa era o “ser adulto”, mas essa possibilidade me trazia muito sofrimento.
Pouco a pouco, fui me fechando e perdendo o entusiasmo pela vida. Não conseguia mais escrever, nem estudar. O mundo se tornou cinza e nada mais me interessava. Ficava, a cada dia, mais amargurada. Neste momento, tranquei a faculdade por não conseguir dar conta de um trabalho e uma faculdade que não gostava, mas que me exigiam excelência e disciplina.
Um tempo depois, me mudei para São Paulo e soube que para transferir minha faculdade iria ter que iniciar tudo outra vez, o que parecia insuportável. Esse foi o empurrão que precisava para fazer Psicologia, algo que já cogitava mas não achava que era para mim, afinal, como alguém que sofria poderia ajudar outras pessoas? Mal sabia que esse era o principal componente para ter uma boa escuta no futuro, ter eu mesma tirado algo da minha própria dor.
Iniciei o curso ainda quando era concursada, porém trabalhar no banco se tornava cada dia mais penoso para mim e adoeci, fiquei deprimida. Fiz muita análise nessa época – três vezes na semana – e isso me fortaleceu para tomar a decisão de pedir demissão e apostar todas as minhas fichas na Psicologia e na Psicanálise.
Então, durante a graduação, saí de servidora pública federal para estagiária não remunerada. Mas preciso dizer que isso somente foi possível através do apoio do meu marido, que foi uma grande rede de apoio.
Não foi fácil sustentar esse desejo, na verdade nunca é fácil sustentar o nosso desejo. Meu caminho desde este dia tem sido trilhado com muito estudo, investimento (de todos os tipos, mas principalmente de libido) e muitos perrengues.
Alguns anos depois estou aqui para te dizer que a partir de uma escuta aguçada e acolhedora de uma psicanalista com a qual tive um bom encontro, eu pude me tornar uma versão mais verdadeira de mim mesma e esse passou a ser o objetivo da minha vida: ajudar que outras pessoas possam experimentar o mesmo, seja através dos atendimentos, cursos, grupos de estudos, etc.
Sejam bem-vindos a esse espaço que se constrói junto!
Que possamos ter um bom encontro também.
Com carinho,
Gabriela Vargas