É comum quando estamos em algum nível de sofrimento psíquico, procuremos nas outras pessoas o apoio para passar por uma fase difícil: um luto, o término de um ciclo ou outras situações dolorosas em que nos encontramos ao longo da vida. Com isso, partilhamos nossas experiências e torcemos para que dessa escuta saia um acolhimento, um cuidado.
O psicanalista Bruce Fink afirma que nossa escuta – de um modo geral – é centralizada em nós mesmos. Você já desabafou com alguém e a pessoa apenas devolveu uma situação similar que ela havia vivido? Ou te deu um conselho? Pois é, normalmente esse tipo de abordagem do sofrimento humano não dá conta da complexidade dos nossos problemas.
Talvez, nesse ponto, você esteja se perguntando: “Mas, afinal, o que um analista escuta?”. Ele escuta você. No espaço analítico, o terapeuta constrói um espaço que proporciona uma escuta sem julgamentos, preconceitos ou conselhos. É um espaço que leva em consideração, em primeiríssimo lugar, a verdade e a história do paciente.
Tem como foco aquilo que não se encaixa, que aparentemente não faz sentido e é comumente ignorado na vida cotidiana. Veja bem, o que não faz sentido é muito importante para nós. E, justamente aquilo que você não sabe colocar em palavras, que tem vergonha em dizer, é material importante para o nosso trabalho.
A psicanálise opera a partir do inconsciente, aquilo que foge da racionalidade e que não conseguimos mudar com alguns conselhos ou com a força do nosso pensamento. Dentre outros diferenciais, acredito que esse seja o mais importante. Afinal se conselho fosse bom, não era de graça.
Não é esse o ditado?
Com carinho,
Gabriela Vargas